segunda-feira, 21 de abril de 2014




“Desperta meu menino, desperta solzinho, pedacinho de Barro e esperança, desperta e vem à batalha da atenção acordada e do coração brando. Entre tu e nós e alguns outros mais, poderemos por fim ajudar Pachamama respirar.”

                                                                    


Lucidor Flores


A Dança dos Albatrozes

Em meio aos céus mais distantes, em meio a tempestades invernais, nas quais poucos seres vivos teriam a audácia e a coragem para sonhar em ir tão distante. Aqui, nestas condições de repleta rebeldia visionária e de sublime constância de voo, podemos encontrar os sensacionais Albatrozes, que para meu coração são chamados de “Maestros dos Ventos”.

Suas asas tem em si a força de voar até 6 milhões de quilômetros  em busca de alimentos para seus amados filhotes, e em busca de sua própria liberdade naturalmente veloz, voam em alturas celestiais, este é seu dom, e lá de cima, estes pássaros de essência livre, caminham entre nuvens e nos inspiram a senti-los em pleno voo.

Ahh como temos a aprender com a sábia Mãe, em saber contemplar o divino Dom de cada ser vivo, e assim poder senti-los mais de perto, abrindo nossa percepção para uma ecologia interna que é a nativa linguagem de Pachamama. Trago a esperança vitoriosa de sermos como estes Mestres dos ventos, que dançam entre tempestades atlânticas, sabendo que a luz do sol é o espelho dos seus olhos, pois o medo escuro nunca é maior que sua coragem e que sua liberdade.

“Desperta solzinho, pedacinho de Barro” e vamos voar longe e alto com a integridade dos Albatrozes, estes incríveis seres que possuem o dom da lealdade amorosa, estes hermanitos consagrados que sabem um grande segredo da vida, que o amor é uma “Grande Dança”.  E é assim que estes maestros magníficos encontram suas parceiras, eternas shaktis aladas, na Dança do Acasalamento, momento em que os corpos vibram em uma respiração de encher o peito e de erguer as asas magníficas para encontrarem seu amor de ninho quente, seu amor de contemplação.

Assim, quando os corpos já se escolheram em uma sintonia natural de Pachamama, o casal se despede, sem apego e com pura devoção, coragem e confiança, e o Albatroz segue seu voo por meses, ou até anos, passando por tempestades oceânicas. Mas também suas asas tem o poder de leva-los a contemplar maravilhosos amanheceres e entardeceres, lá de cima o Céu é a Terra, pois sua visão é horizontal em beleza viva.

E quando chega a hora, o momento exato do “reencontro de amor de asas”, que esperou a gentileza do tempo na intrínseca força da Vida, o Maestro Planador ,que voou por correntes aéres enlouquecedoras de ar Planetário, volta ao local onde a dança se fez.

Posso imaginar que seus bicos fortes e ligeiros são conectados para farejar aquelas asas que foram escolhidas para serem suas “parejas”, aqui todos os sentidos estão plenos e vibrantes, que momento!

O lugar escolhido para este amor selvagem, o “paraíso”, pois estes seres celestiais não se contentam em viver em lugares comuns e barulhentos. O barulho escolhido é o das águas em forma de ondas, ou da chuva em forma branda, o som aqui é a pura dinâmica da natureza uivando em uma dança de formas vivas.

Estes seres, consagrados de atenção plena, escolhem as Ilhas selvagens para desde ali ficarem quando o desejo é estar com as suas patinhas no chão da Terra, e aqui os “Maestros del viento” se encontram para estar perto dos seus ninhos e celebrar, afinal estão em amor na Terra.Neste solo fértil, seu instinto de lealdade e intuição, que nos lembram, quiçá, uma sensualidade nativa, faz com que as asas, os bicos e os corpos alados se encontrem em um momento de reconhecimento desperto, vivido naquela noite da Dança do acasalamento.

Imaginemos desde aqui o cenário deste romance dos grandes planadores, e a oportunidade de saber olhar a Natureza em poesia sutil e terna, nos dando um brinde de vinho vivo ao nos convidar a sentir a criativa relação amorosa que cada ser vivo manifesta em plena dança de Pachamama.

O jogo nesta dança de natureza selvagem é um convite de rebeldia visionária para abrir-nos ao fluxo vivo do amor em inocência madura, e podermos sonhar em quiçá sermos convidados a conhecer por dentro a casa de um João de Barro, ou então de um dia vivermos em uma sociedade onde cada cidadão, hermanito, sinta uma atração irresistível  pela  ternura das sementes vivas da compaixão, e intente alçar voo de liberdade, todas as manhãs ao acordar, com a sedução da luz do sol e disposto a reconhecer o caminito sagrado que nos leva de volta ao nosso jardim de pedacinho de Barro, e feito por todas las manos.

Urpichay Pachamama
Urpichay “Maestro de los Vientos” por soprar nossas inspirações mais profundas e nos recordar que nossos olhos são espelhos do Sol...



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